Digo adeus ao sol às 18:00
- Teresa Oliveira
- 18 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Para atualizar sobre uma questão que todas pessoas que falo via telefone fazem: sim está a ficar escuro mais cedo ... Entendo a curiosidade, como eu própria há uns meses também tinha, mas é difícil falar sobre o assunto, quando é só nisso que penso ultimamente. Algumas chamadas são mais difíceis do que outras, especialmente quando reforçam o quão horrível deve ser a falta de sol e como elas não conseguiam fazer tal transição. Como devem calcular é mais fácil para um emigrante não falar das dificuldades, mas sim das partes positivas, dando assim a oportunidade de sentirem-se mais em casa. Obviamente, que não devemos ignorar as partes menos agradáveis da mudança, mas às vezes o que nós precisamos é de sermos relembrados, por pessoas exteriores, das vantagens do local onde nos encontramos e os nossos motivos.
Sobre a questão da escuridão, posso dizer que cada vez mais aprecio as horas de luz que ainda existem numa rotina "normal" e entendo a importância de sair do meu quarto, depois das aulas, durante o dia. A necessidade de ir passear e ir comprar um pequeno doce ao supermercado, para ajudar a passar a noite tem sido um recurso. Não faço esse ato pela carência ao açúcar, mas porque me faz lembrar das noites a ver televisão, em casa com a minha família, a partilhar um docinho com alguém.
Devagarinho tento criar uma rotina que seja favorável às minhas necessidades e que acalme a minha ansiedade. Quando penso em expressar por palavras esta fase mais difícil fico de pé atrás. Não quero dar a entender aos meus leitores que não estou bem aqui, mas adaptação de uma mudança radical como esta não fica resolvida depois de desempacotarmos as roupas da mala de viagem. Contudo a ansiedade é real, mas sinto uma certa dificuldade explicá-la a outros que se encontram fora deste ambiente, como só fosse possível entender vivendo nesta parte do globo. Lá está não sei explicar-me bem, mas talvez com ajuda da fotografia eu encontre a minha comunicação.

Ultimamente cheguei à conclusão que mesmo que esteja a estudar a tempo inteiro num mestrado, sinto que o programa não ocupa o meu tempo da forma como talvez precise. Por esse mesmo motivo inscrevi-me em vários grupos de estudantes na minha faculdade para ocupar as minha tardes livres, como também um curso de sueco, que começo no início de Novembro. Ainda assim, a ação de overthinking acontece com regularidade, porque não estou distraída a esse ponto e acabo por focar-me em tudo o que me preocupa naquela altura. Aos poucos também entendo que não me faz bem ver as vidas daqueles que ficaram em Portugal com muita regularidade, porque a saudade aumenta e apodera-se dos meus pensamentos. O simples ato de ver o sol a brilhar por detrás da pessoa, por videochamada, relembra-me da falta dele por estes lados. Como se tivesse a viver uma vida diferente com quem falo ao telefone na minha língua materna. Daqui a uns dias volto a Lisboa e vou absorver toda a vitamina D possível. Tenho saudades da praia e de um bom peixe fresco num almoço ao Sábado.
Tudo de bom
Teresa
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