O Medo de Emigrar
- Teresa Oliveira
- 29 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Sendo o objetivo deste blog documentar os meus desafios de emigrante, sinto que preciso de dar contexto a uma antiga aventura que vivi. A verdade é que esta não foi a primeira vez que vivi sozinha fora do país. No início do ano 2020, decidi embarcar na minha maior aventura e ingressar no programa de Erasmus em Cetinje, Montenegro. Posso dizer que fui muito impulsiva a fazer esta decisão, deixando ser influenciada pela vontade de procurar a minha independência. Nessa altura, tinha eu 20 anos e o que mais precisava era sair da minha zona de conforto. Pensava eu que ia encontrar o meu novo projeto e talvez a minha identidade num país distante, onde normalmente as pessoas não vão de intercâmbio. Mas o que realmente aconteceu foi que quando voltei vim mais perdida do que quando embarquei.
Não vou pormenorizar o meu brusco regresso a casa, porque para mim esse capitulo está encerrado e acho que já não tenho mais palavras para o descrever. No entanto, acabei por dar uma entrevista, nessa altura, ao qual a minha melhor amiga escreveu, e o artigo explica exactamente o que aconteceu nessa noite. Podemos dizer que depois do retorno dessa aventura, pensei que nunca mais iria sair do país com o mesmo objetivo. No entanto, aqui estou eu a viver essa mesma busca, mas com uma mentalidade completamente diferente.

Quando passamos um acontecimento traumático, como aquele, nós acabamos por fazer uma promessa a nós mesmos, que nunca mais colocamo-nos na mesma posição, para evitar abrir feridas que ele causou. No momento que entendi que vinha realmente para a Suécia, pelo menos 2 anos, paniquei. Comecei a pensar que não seria capaz colocar-me outra vez numa posição tão vulnerável e sensível, como é estar sozinha num país que não é o meu, deixando todas as minhas relações em Portugal. E mesmo, quando estava a uns dias de embarcar no avião a caminho de Estocolmo, liguei às pessoas que realmente confio e confidenciei isto e cada um deles já sabia que ia haver um dia que eu ia ligar com esse propósito. Até acharam que o telefonema veio tarde pelo meu histórico de crises existênciais. Naquele momento, tive de entender que não ia para o mesmo país, nem com as mesmas condições. Todas as minhas relações estavam mais fortes e eu já não era uma pessoa tão insegura, mas o processo de empacotar tudo outra vez, nas mesmas malas, deu-me uma sensação de deja vu. Não foi fácil. Houve muito choro, muito stress, mas a verdade é que ao embarcar naquele avião, eu provei a mim mesma que um evento da minha vida não devia traçar os meus objetivos e a minha identidade. Talvez ainda pense que ir para Montenegro foi um erro, mas de facto é que aconteceu e sinto-me orgulhosa de mim mesma por ter ultrapassado a fase mais difícil da minha vida.
Tudo de bom.
Teresa
Comentários